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terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Vantagens de ser velho.

Nós velhos, já não somos confusos nem inseguros.

Somos agora confiantes e transmitimos confiança.


Nada de ansiedades, tudo é levado com calma e serenidade.

Somos credíveis.


A idade, ainda é sinónimo de estatuto.

Com a idade, a nossa vista já não é tão boa mas agora enxergamos muito mais além.

Ser-se velho, é ser-se consciente.


Com a idade, já não morremos de medo de não nos encaixarmos socialmente. Ficamos selectivos e não perdemos tempo a fazer sala a qualquer morno que em nada acrescenta.

Com a idade, entendemos finalmente que o aniversário não é um ano a mais, mas sim um ano a menos e começamos a valorizar o que realmente importa.

Na velhice, já não há tempo para egos nem egoísmos.

Na velhice, acaba a paciência para incertezas, especialmente para as dos jovens.


Por vezes os jovens acham que os velhos vivem de raiva e alimentam-se de ódio, mas significa apenas que deixaram de ter paciência para causas menores.
Na velhice, relativizar passou a ser a solução para a maioria dos problemas porque a vida já nos ensinou/mostrou que não existem certezas.

Com a idade, temos maior facilidade em perceber a índole das pessoas.


Na velhice, deixamos de ser parvalhões deslumbrados e começamos a ter sabedoria profética.


A idade revela-nos o quanto fomos tolos.

David Bowie terá dito:

“Com o envelhecimento finalmente você se torna a pessoa que sempre deveria ter sido.”

A idade é juventude acumulada que nos permite finalmente brincar de forma épica e consciente sem a estupidez básica de outrora.

As marcas e publicidade são todas direcionadas para os jovens porque as empresas sabem que os velhos não são influenciáveis e já não vão em cantigas.

Em velho, já não somos tão belos/bonitos, mas em charme, poucos jovens têm hipótese.

Somos velhos, mas vivemos a magia dos fantásticos finais do Séc. XX, sem internet, mas com muito rock n’ roll.


Aproveitando o exemplo do rock

Em jovens, queremos as guitarras em alto volume. Agora, começamos a perceber os sons do silêncio. Os seus tempos, as pausas, as entrelinhas da vida.


Em velho, finalmente percebemos que a felicidade está na simplicidade e coisas básicas. O problema, é que foi preciso muita experiência para compreender isso.


Independentemente da idade, a vida é um conjunto de experiências. Comer gomas aos 10 anos nada tem a ver com a descoberta de um bom vinho aos 40. Nenhuma destas experiências, em contexto cronológico tão diferente, tira o lugar da outra.


A idade tem cicatrizes, e ter cicatrizes, significa ter história. E ter história, significa ter coisas sustentáveis para contar e sobretudo para ensinar.

Na velhice tornamos-mos um clássico, e um clássico, não é aquilo que é velho, é aquilo que se tornou inesquecível.

Quando és velho tudo é mais poético,

- Já não vamos à praia para curtir com os amigos nem para controlar miúdas em biquíni. Vamos para sentir o cheiro e a brisa do mar junto com o abraço confortante do sol.

- Já não se faz caminhadas, faz-se passeios.

- Não se vai almoçar, vai-se degustar.

- Não se vai sair, vai-se apreciar.

- Não vamos a eventos, vamos cumprimentar as pessoas.

- Já não há pressa, pois agora sabemos que nada nesta vida é assim tão urgente.


A velhice é uma bênção que a muitos foi negada.