Vida Rural:
- Aldeias:
Como conceito de povoação dinâmica e social.
- Concursos de “miss vindimas”:
(Na terra da minha avó havia).
- Não haver electricidade em algumas regiões:
Não estive em nenhuma mas era frequente no Telejornal autarcas que prometiam electricidade às povoações mais remotas.
- Pessoas que não sabiam ler:
Que assinavam com tinta no dedo.
A escritura da casa da minha avó era um pequeno texto num livro de actas perdido numa conservatória de Chaves que dizia:
“Eu, pessoa X, juro pela minha honra, que comprei a casa X ao senhor X no valor de 500 escudos”.
No final do texto as assinaturas eram com impressão digital.
*Curiosidade: a letra do texto, que era escrito à mão, era fantástica e algo desenhada.
Um dos requisitos de um escriturário (funcionário administrativo) era a apresentação de uma caligrafia bonita.
(Uma letra bonita dava estatuto).
- Não haver casas de banho nas aldeias:
Era necessário sair de casa (muitas vezes a correr) para ir procurar arbustos.
Durante a noite usava-se um penico (recipiente próprio para dejectos).
As pessoas metiam aquilo debaixo da cama e depois era despejado de manhã numa estrumeira.
Tudo o que era acumulado seria depois usado para cultivo.
(Imaginem comerem uma bela e fresca alface que tenha sido “estrumada” pela vossa avó?...).
Havia no entanto aldeias mais “avançadas” em que as casas de banho eram um barracão comunitário em madeira.
No interior havia um estrado com um buraco onde as pessoas se sentavam e faziam as necessidades.
O buraco dava para um precipício que ia parar numa fossa.
- Pessoas que usavam a banheira como arrecadação:
Para muitas pessoas tomar banho não era comum e quando se confrontaram com uma banheira não sabiam bem o uso que lhe haveriam de dar.
(Ouvi até histórias que a usavam como horta).
Conheci uma velhota que fazia da banheira uma arrecadação e quando precisava de “se lavar”, segundo ela, enchia um alguidar com água aquecida ao lume.
- Hortas junto à cidade:
Nas traseiras do meu prédio, que na época da sua construção se situava na extremidade da cidade, havia sempre muitos terrenos baldios.
A população que tinha vindo do meio rural (a maior parte) aproveitava para cultivar esses terrenos dividindo-os em hortas.
Divisões todas toscas em madeira e cada fracção tinha um barracão como arrecadação.
Animais:
- Rebanhos de ovelhas a cortar o trânsito:
Os barracões das hortas à volta da cidade serviam também…
Imagine-se, para criar animais.
Era portanto comum o pastoreio de cabras/ovelhas e às vezes até entravam mesmo dentro da cidade a cortar caminho sem problema nenhum à procura de outras pastagens.
Isto era tão culturalmente normal que as autoridades, na imagem do “polícia sinaleiro”, cortava o trânsito para dar passagem aos rebanhos.
- Venda de animais vivos nas feiras das cidades:
Era normal comprar galinhas ou coelhos vivos para depois os matar dentro do apartamento.
Animais destes já mortos e prontos para confecção custavam o triplo do preço no talho.
- Carroças puxadas por burros/mulas nas cidades:
Era normal alguns feirantes produtores rurais virem à cidade nas suas carroças com os seus produtos para venda.
- Haver cães vadios:
O cão é um animal extremamente territorial.
Havia uma data deles à solta mas de reconhecimento comunitário.
Os cães da minha rua conheciam-me e não se metiam comigo, estavam aliás sempre à espera dos restos da minha sandes.
No entanto, eu sabia que o cão da praceta de cima junto às garagens ia passar-se comigo se eu fosse para lá andar de bicicleta e vinha sempre atrás de mim a ladrar-me.
- Cães presos por correntes em casotas:
Todos os animais tinham funções:
O cão ficava lá fora como alarme/segurança.
Os gatos estavam autorizados a ficar dentro de portas mas com a condição de manter a casa livre de insectos/roedores.
Comportamentos:
- Maluquinhos, drogados e bêbados a vaguear pelas ruas:
Também tinham reconhecimento comunitário.
Todos sabiam quem eram e por isso os seus comportamentos eram irrelevados para não haver conflitos.
Até as autoridades fechavam os olhos e só actuavam em último caso. Mas geralmente a população sabia lidar com eles.
Não havia instituições de acolhimento para estas pessoas.
(Lembro do maluquinho que estava sempre no estádio da Reboleira na Amadora a gritar golo sem ser golo).
- Resolução de conflitos na porrada:
Era normal o conceito de “aldeia do Asterix” com a resolução de conflitos no punho.
Não havia chance para “guerras frias”.
Uma cadeira nos c*rnos, uma noite na enfermaria ou na prisão punha muitos pontos nos “i’s” e até retomava amizades.
(Felizmente não sou do tempo dos crimes de honra).
- Drogados no Casal Ventoso:
Zona de Lisboa do tráfico, para pobres.
Calamidade de 3.º mundo comum nos anos 80.
Farrapos humanos no último estado de degradação.
Ainda hoje existe, mas “mais arranjadinho” e não dá tanto nas vistas.
Nada comparado às “cracolândias” brasileiras.
“O meu herói quis outra heroína" é o refrão da música “Beco” da Lena d’Água. Muito marcante e alusivo a este flagelo da época.
- Professores batiam nos alunos:
No ensino primário levei grandes “voadoras” da professora e a minha mãe ainda exaltava o comportamento dela.
Fui aliás proposto (não era obrigatório) à disciplina de “religião e moral” (aulas de cidadania na altura) por causa de ter a mania que era rufia.
- Funcionários bancários e de repartições públicas a fumar enquanto atendiam as pessoas:
Até os médicos… (Nos seus gabinetes enquanto atendiam os pacientes).
Era normal fumar em espaços fechados, tinha até um glamour difícil de entender para os não fumadores. Aliás, a 1.ª aparição do 007 foi a fumar e as publicidades ao tabaco eram as mais sofisticadas.
- Ser velho, era ser importante.
Os velhos eram respeitados e as suas histórias eram escutadas porque já haviam atravessado a estrada da vida e por isso seriam os legítimos portadores de conhecimento.
Pelo contrário, putos e mancebos “levavam na boca” que nem campeões quando davam uma de metidos as inteligentes porque não eram ainda dignos de ter palavra.
- Aparecer em casa de alguém sem ligar previamente:
Era normal e comum as famosas “visitas”.
Hoje em dia até se pode considerar falta de respeito.
- Bailes eram mais populares que discotecas:
Não sou desse tempo mas ainda apanhei com os bailes de Santo António.
Havia sempre um teclista de música popular e a rapaziada à cata das moças e da cerveja com bifana.
Ainda hoje se fazem mas só mesmo em algumas freguesias de Lisboa para “estrangeiro ver”.
As colectividades deslocadas do centro de Lisboa que ainda insistem nisso, pelo que reparei, já só adere meia dúzia de velhos e algumas crianças em correria na brincadeira.
- Bola da Nivea na praia:
Sem telemóveis, a publicidade com uma enorme bola azul a dizer NIVEA era o ponto de referência para o pessoal se encontrar na praia.
- Andar a pé longas distâncias era normal:
A rede de transportes não tinha assim tanta oferta e por vezes saia caro.
Cheguei a sair no barco da Trafaria e ia/vinha a pé às praias da Caparica (o passe não dava para a Margem Sul).
Uma vez quis regressar de camionete e a malta virou-se: “Quê? Pagar 12.5$? Deves ser rico, não?...”
Ir/vir a pé da Amadora ao Estádio da Luz para ir à bola era regular e na boa.
(Havia sempre muitas pessoas pelo caminho que também faziam jornadas a pé).
- Pessoas penduradas nas escadas do comboio:
Havia também passagens de nível em centros urbanos.
A rede nacional de comboios era de segurança zero e havia sempre muitos acidentes trágicos também porque as pessoas facilitavam e o perigo fazia parte do quotidiano.
Ainda por cima o miserabilismo era intrínseco e havia quem arriscasse viajar fora do comboio mas agarrado a ele para evitar pagar bilhete ou a caminhar ao longo da via férrea como atalho.
E depois havia os putos parvos como eu que juntamente com outros putos parvos, e sem qualquer explicação lógica, gostávamos de atirar pedras ao comboio e brincar nas imediações à linha do comboio.
- As mulheres não conduziam:
Não era proibido por lei mas era proibido pelos maridos e visto como uma actividade demasiado dura para mulheres porque não havia direcção assistida e era preciso muito braço.
- Piqueniques:
- “Domingo, vamos almoçar fora?”
- “Sim claro, qual restaurante?”- “Restaurante? Levo o refogado e depois metemos ao lume ali nas pedras do parque de merendas”.
- Ir ver jogos de clubes da 2.° divisão:
Tal como bem representou o famoso programa de TV: “A Liga Dos Últimos", ir à bola era um super evento social independentemente do jogo.
Principalmente a malta ia era para o “comes e bebes”.
Nos campeonatos da 2.ª divisão havia sempre um fogareiro e bons líquidos para a garganta seca.
- Colecionar coisas físicas:
Hoje em dia queremos a casa apenas com o essencial e com o menos “lixo” possível.
Antigamente era normal acumular coisas e o colecionismo era culto.
Era com grande orgulho que se mostrava as colecções às visitas.
Tudo era colecionável.
- Ir à feira:
Supermercados eram raros e caros.
Ir à mercearia era só para comprar algo pontual, não se fazia “vida de mercearia”.
Todo o abastecimento para a casa era na feira ou em produtores particulares.
- Ir comprar o jornal:
Um hábito que era certinho entre os homens maduros.
(O meu pai mandava-me ir comprar o extinto “Diário Popular”).
- Levar um “patinhas” para a casa de banho:
Mesmo sem telemóveis, os tempos mortos também eram aproveitados.
A leitura de papelaria/tabacaria era a mais consumida.
Nos jovens a banda desenhada era culto.
Jogos populares:
- Jogo da malha:
Era um jogo comum entre os mais velhos e se bem me lembro consistia em derrubar uma estaca de madeira com um medalhão de metal.
- Jogar às cartas, ao dominó e às damas:
Havia imensos jogos de tabuleiro mas as damas eram o mais comum porque xadrez era demasiado intelectual para o proletariado.
Hoje ainda se joga às cartas especialmente entre os mais velhos mas antigamente era um verdadeiro culto e até havia campeonatos e apostas.
A “bisca” e a “sueca” eram os jogos de cartas mais comuns mas lembro de outras variáveis interessantes como o “Kemps” ou o mítico “burro em pé”.
Adolescência:
- Discotecas à tarde:
As famosas matinés do “Loucuras” e da “danceteria Lido” na Amadora onde a malta sacava uns “linguados” às “chavalas” da escola.
- “Posso me apresentar?”:
Por muito estúpido que possa parecer era assim que conhecíamos “garinas”.
Tantas vezes que levei um: “desculpa, tenho namorado”.
Mas enfim, sempre havia a moça das remelas mas com rabo bom que lá ia dando “abébias”. Depois sempre que nos cruzávamos, cumprimentávamo-nos com 2 beijinhos.
Até que um diz numa festa/excursão qualquer de escola, perguntava-mos:
- “Queres curtir?”...
Curtir não era sexo porque as acomodações eram na rua encostados a algum muro ou em escadinhas “refundidas”.
Mas sempre dava para “chafurdar”.
(Mas houve também o flagelo das gravidezes precoces acompanhado pelos abortos ilegais com risco).
Comunicações:
- Cadeados para telefone:
Todo o tempo ao telefone era contabilizado ao minuto e para não haver surpresas na factura o melhor era a colocação desta segurança.
Nas famílias numerosas era muito comum.
Também nas empresas pequenas.
(Havia a mania de abusar do telefone do patrão para ligar para a “terrinha” e a tarifa inter-regional por minuto não era brincadeira).
- Cabines telefónicas:
Nestes casos desesperávamos com os impulsos de taxação que iam comendo as nossas preciosas moedinhas em catadupa.
(Também dava para ir ao café telefonar - também com cobrança ao impulso - mas não havia privacidade nenhuma).
- Páginas Amarelas:
O google muito incompleto de outros tempos.
Calhamaço de folhas que dava para pesquisar a morada e contactos telefónicos de empresas e particulares.
- Linha de informações:
Call centers? Não senhor. Era a linha de informações telefónicas de apoio às páginas amarelas mas que ninguém ligava porque custava dinheiro.
- Deixar mensagem falada no voice mail:
Esta opção ainda existe mas quem é que ainda faz isso?
- Ter de fazer conversa com o familiar que atendia o telefone:
Ao ligar para um telefone fixo nem sempre atendia quem desejávamos. Mas se a pessoa não estivesse em casa esse familiar era a única hipótese para deixarmos mensagem.
- Chamadas anónimas:
Era comum este tipo de “brincadeiras”.
- “Ela não é da minha rede, não lhe posso ligar”:
Os serviços de rede móvel eram tão caros entre as operadoras que as pessoas chegavam a ter 2 / 3 telemóveis só para poderem ligar para cada rede.
Construções:
- Construções clandestinas em ruas sem passeios nem asfalto.
Lembro da Brandoa ser totalmente clandestina e com as ruas todas em lama.
Não era um bairro de barracas porque nos anos 80 já todos os portugueses davam uns toques de pedreiro. Mas era agoniante ver aquela selva de construções sem qualquer critério tipo favela.
- Prédios sem campainha.
Inacreditavelmente ainda cheguei a conhecer um prédio em Lisboa em que a campainha era um chocalho que se puxava por arame.
Comércio:
- Preços em “tostões”, “reis” e “contos”:
Ainda me recordo de uma carcaça (pão “papo seco”) custar meio tostão.
Havia também o mito de que, se conseguíssemos furar uma moedinha de tostão, iria valer muito mais.
(O famoso “tostão furado”).
- Adegas vinícolas:
Era comum armazéns vinícolas e de outros destilados por toda a Lisboa.
Recordo em particular lá para os confins da zona oriental da cidade a famosa sociedade Abel Pereira da Fonseca.
- Oficinas e artesãos na baixa de Lisboa:
Muitas das lojas de hoje eram precisamente armazéns em estilo adega com pequena indústria.
Carpintarias; serralharias; ourives; sapateiros; alfaiates; tecelagens; tinturarias; trabalhos em couro; tipografias/serigrafias e até oficinas de carros.
(Acho que na famosa Papelaria Fernandes tinham na cave uma fábrica de carimbos).
- Comércio no rés-do-chão dos prédios:
Ter casa no rés-do-chão de um prédio era uma oportunidade comercial.
Uma imensidão de ofertas…
Vi venda de produtos hortícolas em exposição por baixo das janelas e até conheci, imagine-se, uma peixaria.
Sapateiros, costureiras, relojoeiros, alfarrabistas e até videoclubes piratas que também vendiam cassetes de jogos spectrum.
- Comércio na garagem dos prédios:
Oficinas de carros era mato e até conheci uma escola de condução que ficava numas garagens.
Tipografias também havia em qualquer traseira de praceta.
(Era um grande negócio porque não havia ficheiros informáticos e por isso tudo era em papel).
- Drogarias:
Eram os antigos bazares que mais ou menos se aproxima ao que hoje conhecemos como loja do chinês. Mas eram artigos mais direcionados para o trabalho doméstico e até industrial e também, para a agricultura.
Tintas, adubos, soluções de limpeza, ferragens/ferramentas, electricidade, utensílios gerais para toda e casa e até saúde/beleza.
- Alfaiates, modistas e retrosarias:
Não era comum ir à loja de roupa comprar roupa, isso era para ricos.
Mas não havia problema porque havia casas/retrosarias/armazéns com tecidos/tecelagens que sempre tinham na cave/traseiras uma oficina de costura.
- Contrabando:
Era normal e popular e sempre que alguém ia ao estrangeiro lá vinha a conversa:
- “Vais a França? Traz-me uns Adidas…”
Actividades e profissões:
- Alfarrabistas:
Um conceito que voltou com os novos amantes da leitura mas em nível asseado.
O real deal era negociar com um cota de hálito a “pinga” em que tentávamos a sorte na troca daquele livro de “Os Cinco” ou dos resumos Europa-América por um patinhas Disney especial ou por um Homem-Aranha.
Com alguma confiança até dava para perguntar se arranjava alguma daquelas revistas “especiais” em fotonovela.
(Todas as publicações internacionais eram em português do Brasil pela editora Abril e Morumbi, até a bíblia).
- Sucateiros e cemitérios de carros a céu aberto:
Quem nunca?
Quem nunca foi ao sucateiro “orientar” um farol para a Renault 4L ou mesmo vender maquinaria ao peso?...
(Havia muitos, inclusive em Lisboa).
- “Limpa-chaminés”:
Era feito por alguém que andava sempre “farrusco” e sem a melhor apresentação mas era uma profissão comum especialmente depois do Inverno após os fumeiros.
- Montadores de estores e marquises:
A profissão de maior risco que conheci e com os maiores malucos que conheci. Até os alpinistas tinham maior segurança do que este pessoal.
Ainda existem mas antigamente a protecção era zero e também nas novas construções já não é autorizado o fecho varandas “à escolha do freguês”.
- Amoladores de facas com a sua famosa gaita:
Mítico, típico e saudoso.
Ainda existem pontualmente mas já não todos os fins-de-semana de manhã.
- Carrinha do brasileiro dos gelados/congelados:
Tinham um apito muito próprio para anunciar a chegada e também meio infantil porque era sobretudo para crianças.
Era castiço mas também algo irritante.
- Campanhas políticas em carros equipados com megafone de som “ranhoso”:
Os mais míticos eram os dos sindicatos a convocar greves/manifestações.
- Leitarias, leiteiros:
Distribuíam/deixavam leite fresco à porta das casas logo de manhã.
- Pão quente à porta das pessoas:
Era também prática comum em alguns bairros de Lisboa a distribuição de pão logo de manhãzinha.
- Padarias tradicionais com carcaças “papo-seco”:
Não tive a sorte de viver num bairro em que deixavam o pão quente na porta mas era religioso ir todos os dias buscar as carcaças antes do pequeno-almoço. (Eu tinha preferência pelas mal cozidas).
- Guardas nocturnos:
Era comum o guarda nocturno pago pela comunidade e independente da polícia.
Vagueava à noite pelas ruas e tinha o carro equipado com uma super antena de comunicações rádio.
Ainda existem mas já são raros.
- Polícias labregos:
Gordos de bigode e de camisa aberta cheia de nódoas a mostrar a “peitaça” e o fio de ouro.
- Polícia “sinaleiro”:
Eram simplesmente polícias que faziam de semáforo.
Usavam um capacete especial branco.
- Tropa obrigatória:
Eu ainda “mamei com a bucha”.
Recruta, jurar bandeira e ter de ficar fechado no quartel de prevenção por causa da guerra do Golfo e dos Balcãs por conta de sermos membros da NATO.
*Vantagem é que almocei muitas vezes no antigo quartel da NATO em Oeiras e aquilo era alto luxo em comida.
- Gasolineiros em garagens-auto no meio de prédios habitacionais:
Já é raro mas era um serviço comum e muito mais cómodo do que agora.
- Fotógrafos:
Tirar fotografias para o passe?
Era melhor ir ao fotógrafo e depois esperar uma semana para estarem prontas.
Aquelas instantâneas da máquina da estação eram caras e ficavam uma m*rda.
Casamentos e batizados?
Por vezes era mais difícil arranjar marcação com o ocupadíssimo fotógrafo do que com a igreja/padre.
- Fiscais da CP e rodoviária:
Não havia viagem em que não estivesse lá o revisor a controlar.
Eram autênticas autoridades e os esquemas para fugir/enganar o “pica” eram imensos.
- Cauteleiros que vendiam cautelas de lotaria:
Apregoavam a “sorte grande” de forma muito particular, única e mítica.
- Engraxadores de sapatos na rua:
O negócio era totalmente portátil:
Uma caixa tosca em madeira para guardar os produtos com um suporte para o cliente colocar o pé.
A cadeira para o cliente e um banquinho para não ter que ficar agachado a fazer o serviço.
- Mendigos que faziam serviços:
Tudo por uma moedinha:
O famoso arrumador que ajuda a estacionar carros (eram de facto uma praga, mas muito mais úteis e baratos do que a EMEL).
Havia os que lavavam o vidro da frente do carro no semáforo.
Um que era particularmente útil era aquele que ajudava a carregar as compras (mas normalmente as pessoas tinham nojo das mãos deles).
- Trabalho infantil:
Era uma realidade bem vista para os catraios irem começando a aprender uma profissão e se tornarem homens mais rapidamente.
Sobretudo evitava de andarem a fazer asneiras.
Indumentária / Estética:
- Viúvas negras de lenço na cabeça, sem dentes e com bigode:
A morte era um culto e tinha que ser demonstrado.
Após a morte do marido, a mulher vestia de negro para o resto da vida mesmo que ainda fosse jovem.
Era a única maneira de ficar bem vista na comunidade.
Uma viúva de camisa branca seria uma falta de respeito para com o falecido.
Estas mulheres tinham que demonstrar desgosto para o resto da vida e nunca mais se cuidavam.
Ficavam com aparência de “bruxa da casa no bosque”.
- Saias:
As mulheres simplesmente não usavam calças embora já fosse comum a meia saia a mostrar os joelhos.
- Calças “jardineiras”:
Hoje é mais um conceito de moda mas era comum operários usarem jardineiras com uma data de arrumação ao peito especialmente ferramentas.
- Cotoveleiras e joelheiras:
Hoje calças rasgadas é moda mas naqueles tempos era impensável.
Havia remendos de todo o tipo mas andar roto, jamais.
Eu tive um “kispo”/“anorak” com um remendo da Shell. Ficava racing, tipo corredor de carros.
- Casacos “Penas de Pato”:
Os famosos Duffy.
- Casacos “São Bernardo”:
Só se compravam na Rua do Alecrim numa casa bem pequena e atulhada.
- Ténis Sanjo:
Fabricados de propósito por uma empresa de São João da Madeira para calçar a equipa de basquetebol da Sanjoanense.
Tinham muito estilo e os brancos eram “pintáveis”.
(Recuperados comercialmente mais tarde).
- Ténis Adidas Nastase e Ivan Lendl:
Em homenagem aos tenistas campeões da época.
Também houve os Stan Smith (recuperados comercialmente mais tarde).
- Outros marcas de ténis que foram sensação:
Diadora
Dunlop
Le Coq Sportif
Reebok
- Calças jeans de marca Lois e Lee:
A marca espanhola da Lois tinha um logotipo mítico com um touro e uma publicidade toda estilosa com uma música toda sensual.
Mais tarde chegaram a Portugal as:
Chevignon
El Charro
Levi's
Mustang
Soviet
- Roupa dos “Porfirios”:
Famosa loja de roupa na baixa de Lisboa com coisas “diferentes” que foi sucesso entre os jovens.
Cheguei a ir lá comprar camisas com padrão em cornucópias.
- Andar vestido com a camisola do clube sem ser em dia de jogo:
Hoje só se vê isso nos miúdos mas era normal andar com a camisola do clube na rotina do dia-a-dia.
Talvez tenha sido o 1.º conceito de indumentária casual desportivo.
- Os Homens tinham todos bigode:
Lembro dos jogadores da 1.ª equipa do Benfica que conheci e poucos eram os que não tinham um super bigodão.
- Homens com um pente no bolso de trás:
Hoje deixa-se o cabelo solto o mais possível e se for um cabelo ruim simplesmente vai à máquina.
Antigamente o penteado era assunto sério.
Homens despenteados eram considerados desmazelados.
Para ficar tudo certinho usava-se laca/gel e era conveniente andar sempre com um pente.
- Cabelo comprido só atrás “à jogador da bola”:
A lógica era cortar o cabelo normalmente mas na parte de trás deixar comprido.
No entanto, rapazes de cabelo comprido eram vistos pelos familiares masculinos mais velhos como:
“Mas agora andas a imitar os drogados? Ou deste em m*ricas, ou c*ralho?… Não tens tesouras em casa?”.
(O curioso é que os g*ys não “trans” sempre foi raro usarem cabelo comprido).
- Rapazes de brinco:
Ficou perceptível que as “chavalas” ficavam todas doidas pelos rapazes efeminados.
(Ainda hoje existe essa agenda nas mulheres para efeminar o mais possível a estética masculina.
Até nos animais de estimação elas inventam com penteados “estranhos”).
Os Wham e mais tarde o Bros eram umas autênticas meninas que estranhamente deixavam as jovens em alvoroço… Percebendo isso, alguma rapaziada mais arrojada começou a imitar esse pessoal para ver se “sacavam” uma miúdas.
Mais uma vez, os familiares mais velhos exerciam bullying.
- “Ele é metálico e a irmã é vanguarda”:
Estes foram os primeiros estilos de jovens em bolha social minoritária que conheci.
O punk era o mais radical mas num Portugal ainda muito religioso passou algo ao lado.
O estilo rockabilly curiosamente foi bem aceite.
Houve também o movimento surf dos loiros queimados do sol.
O comum mesmo era:
O estilo beto (jovens ricos ligados à tauromaquia);
O estilo labrego (jovens do campo);
O estilo “roscofe” / “rosconhofe” (jovens urbanos desmazelados originários da “geração rasca”);
Saúde / Higiene:
- Vacina da BCG:
Contra a tuberculose.
(Acho que agora já não deixam aquela super marca no braço).
- Pulseiras que faziam bem à saúde:
Incompletas com 2 bolas na extremidade todas em metal.
Efeito placebo ao mais alto nível.
Todos os velhotes usavam aquilo e dizendo que tinha efeito terapêutico para uma data e enfermidades.
- Pessoas sem dentes:
O dente doía?
Procurar por um dentista era frescura de gente rica.
(Na verdade também não haviam muitos, um médico de clínica geral servia para tudo).
Boca infectada e com abscesso?
Fácil, bebia-se uns bagaços e usava-se um lenço atado à cabeça para fazer pressão e aliviar a dor?
Não resolvia?
Ia-se ao ferreiro tirar o dente como se fazia aos cavalos.
Ser-se desdentado, who cares?
Especialmente se a pessoa já fosse casada.
(Supostamente já não teria de agradar a ninguém).
- Dentes de ouro ou banhados a ouro ou, chumbados:
Ir ao dentista não era prática comum, mas se fosse para ir, que fosse em grande.
Não havia implantes mas restaurações a ouro era preferencial como ostentação. Também os dentistas tinham preferência porque o ouro é uma metal fácil de trabalhar.
Ao início, o Serviço Nacional de Saúde disponibilizou dentistas mas obviamente que as restaurações não eram em ouro, tudo a chumbo.
Infância, brincadeiras e juventude:
- Walkie-talkies:
Era um conjunto de 2 telefones por frequência rádio que a “chavalada” recebia por altura do Natal.
Os de brincar obviamente eram uma porcaria e não se ouvia nada.
Por vezes de madrugada lá dava para apanhar muito ao fundo as comunicações dos táxis.
Mas enfim, era engraçado:
-“Charlie, escuto!”
-“Tango é para informar que vamos atacar, over!”
-“Charlie, escuto!”
-“VAMOS ATACAR!”
-“Charlie, escuto!”
-“Baixote, vai lá avisar eles que é para atacar...”
- Subbuteo:
Era uma manta verde com a configuração de um campo de futebol e os jogadores eram bonecos em cima de um suporte tipo botão.
Jogava-se com o dedo para fazer deslizar os bonecos até à bola.
- Estádio “Sucol”:
Uma espécie de matraquilhos com a chancela dos sumos “Sucol” mas em que os ferros de comando dos jogadores ficavam na linha de fundo do campo.
(Ainda não consegui encontrar registo fotográfico disso).
- Brincar com armas de canudo:
Soprar um canudo dava grande alcance à munição em papel enrolado que colocava-mos no interior.
O poder de projecção era tão potente que os adultos proibiam a brincadeira dizendo que se calhasse numa vista podia cegar.
Na sala de aula “dava muita bandeira” por isso usava-se bolinhas de papel projectadas pelo canudo de uma caneta desmontada.
- Cartão jovem:
Ainda hoje existe mas era só até aos 26 anos, agora já dá até aos 29.
- Ter posters no quarto:
Quem nunca?
A revista Bravo em edição alemã era vendida cá só por causa dos posters para forrar o quarto.
Computadores / consolas e jogos:
- Salões de jogos:
Supostamente eram para maiores de 16 anos mas no período da tarde os donos daquilo queriam lá saber…
Até os putos se punham a fumar lá dentro e ninguém dizia nada.
Era comum faltar às aulas para ir para o salão de jogos.
Bilhar era para os reformados mas tudo o que fosse matrecos e máquinas de videojogos, a “chavalada” dava conta.
Obviamente que de noite se tornava num mundo totalmente para adultos da classe operária.
Antes de haver bares, Sábados à noite era o ponto de encontro antes de ir à boîte (“boate”/danceteria).
- Pong:
O 1.º jogo de computador da história.
A consola ligava à televisão e chamava-se “El TV brinca”.
Inicialmente era necessário ir de propósito a Badajoz ou a Vigo para comprar.
Uma rodinha para o player 1 à esquerda e uma rodinha para o player 2 à direita.
A rodinha de cada jogador comandava um “pauzinho” que só subia e descia e servia para impedir golo de uma bola que na realidade era quadrada.
- ZX Spectrum:
“Load aspas aspas”? Quem nunca?
Dispensa apresentações e mais o seu famoso Paradise Café.
Aqui ficam alguns jogos em que “queimei a pestana”:
Arkanoid
Bomb Jack
Butragueno
Commando
Chuckie Egg
Crazy Kong
Enduro Racer
High Noon
Match Day
Match Point
Nigel Mansell
Out Run
Pac-Man
Renegade
Rambo
Saboteur
Skateball
Space Invaders
Street Basketball
Street Fighter
Tetris
- Computador com disquetes:
Ainda sem internet, foi uma loucura.
“Um disco que dá para levar na mão com os meus trabalhos para imprimir na faculdade?”...
- Office 95/97:
Com um número louco de disquetes para instalação.
“Insert Disk 2”
“Disk 2 Error, please try again”…
Exasperante.
- Monitores apenas com fundo preto e letras a verde:
Opção optimizada para quem batia texto e que era menos agressiva para a vista.
- Times New Roman era o único tipo de letra:
Quando apareceram outras fontes e as primeiras impressoras, foi um fartote nas tascas.
Especialmente com “Há caracóis" em Gothic.
- “Falar por computador? Como assim?”:
“Eu escrevo e a outra pessoa vê o que estou a escrever lá no computador dele?”
Foi inicialmente um grande mind blowing difícil de perceber a lógica.
- Napster:
Até os Metallica ficaram chateados.
Acabou mas seguiu-se o Audiogalaxy.
Seguiu-se tanta coisa que fazia parte do dia-a-dia e que entretanto acabaram...
MySpace
Hi5
MSN messenger
Winamp
Emule (Torrents)
- Scanners enormes:
O 1.º que vi foi de marca Heidelberg.
Custava o preço da minha casa.
- Computadores Pentium.
Era a motherboard de excelência.
O PC ou era Pentium ou não prestava para nada.
- Fotos em PC antes dos Smartphones:
Os álbuns em papel até tinham algo de romântico, agora obrigar as visitas a irem ao computador do quarto para verem as fotos das férias, era uma bela seca.
- CD’s “Verbatim”:
Todos sabiam que era a pior marca mas eram os que tinham mais capacidade de gravação a um preço mais acessível.
Sim, era onde a malta guardava as fotos das “holandesas”.
- Tamagotchi:
Aparelho electrónico simulador de um Pet virtual que notificava quando o mesmo precisava de cuidados.
O jogo Farmville foi um pouco na mesma “lógica” mas dava para ver a quinta a crescer.
TV / Vídeo:
- TV a preto e branco:
Nas transmissões dos jogos TV o equipamento do Sporting e do Boavista eram os que se notavam mais. Um jogo Benfica x Belenenses não se sabia quem era quem.
Situações lendárias:
Um acetato à frente do ecrã para não fazer mal à vista.
Uma selva de antenas nos telhados dos prédios apontadas para a torre de transmissão do Monsanto.
Apenas 2 canais que tinham hora de abertura e encerramento com o Hino Nacional.
A mais famosa era a de marca “Telefunken”.
- Primeiras TV’s a cores:
O Festival da canção de 1980 foi a 1.ª transmissão a cores.
A mais famosa era a do modelo “ITT, ideal color”.
Ainda não tinham comando e nem era preciso porque continuava a haver só 2 canais.
Em caso de necessidade, o familiar mais jovem lá de casa servia de comando.
Mas constatar que no Dallas eles já tinham comando e faziam zapping por vários canais metia uma raiva/inveja do “caraças”.
- Reprodutores de vídeo e cassetes Beta:
O VHS é mítico, mas antes deste formato ainda houve o sistema Betamax.
- Videoclubes:
Foi um grande negócio e culto.
Toda a gente ia à rua depois de jantar, despejar o lixo, passear o cão, tomar café, e obviamente ir alugar um filme para aquele serão.
Tinha que entregar o filme do serão anterior e com a cassete rebobinada senão dava multa.
Houve mesmo aparelhos próprios só para rebobinar porque fazê-lo directamente no reprodutor de vídeo supostamente danificava o aparelho que custava “os olhos da cara”.
Mas muita gente investia em 2 aparelhos (um para reproduzir e outro para gravar) para poder piratear.
Tanta fotocópia das capas dos filmes que foram tiradas.
Toda a gente que tinha uma prateleira para livros e outra para a colecção de vídeo.
- Cassetes BASF ou TDK:
Super caras. Lembro do debate de qual seria a marca com melhor qualidade…
Para áudio supostamente as BASF e para vídeo as TDK.
- Canal 18.
“Oh sí cariño, si a ti te gusta, a mi me encanta”.
Ainda hoje não consigo entender como foi possível conteúdo pornográfico em canal descodificado mesmo que fosse só de madrugada após a meia-noite.
- Canais piratas:
O de Loures foi o mais famoso, mas também houve o da Amadora.
Passava imagine-se bem, filmes p*rnográficos.
Obviamente que houve um boom de compra de antenas exteriores.
TV e cinema quando só havia RTP:
- Morte de Sá Carneiro:
3 dias de cerimónias fúnebres sem desenhos animados (foi um desespero para as crianças).
- Lista de programas icónicos:
Desenhos animados:
Heidi
Marco
Bell e Sebastião
Bana e Flapi
Jackie, o ursinho de Tallac
Candy Candy
Dartacão
D’Artagnan
Willy Fog (“A viagem ao mundo em 80 dias”).
Tom Sawyer
Conan, rapaz do futuro
Era uma vez… o espaço
As Mais Loucas Corridas do Mundo (Muttley)
Estrunfes
He-man
Espaço de animação RTP com Vasco Granja:
Pantera Cor de Rosa
Pernalonga (Bugs Bunny)
Tom & Jerry
Popeye
Jovens:
Duarte & Companhia
Verano Azul
Sítio do Pica-Pau Amarelo
Jornalinho
Fame
Quem sai aos seus
Os Três Duques
Adolescentes:
Countdown com o Adam Curry
Nino Firetto's Totally Live Show
Portugal Radical (já foi na SIC mas merece menção).
Clássicos da TV portuguesa:
TV Rural com Eng. Sousa Veloso
Domingo Desportivo
Jogos Sem Fronteiras
Festival da canção
123
O Tal Canal
Passeio dos Alegres
Produções portuguesas:
Zé Gato
Vila Faia
Mala de Cartão (também com produção francesa).
Novelas brasileiras:
Gabriela
Escrava Isaura
Vereda Tropical
Roque Santeiro
Sassaricando
Produções britânicas:
Dempsey and Makepeace
Alô Alô
Fawlty Towers
Benny Hill
Mr. Bean
Produções Americanas:
Planeta dos Macacos
Bonanza
Balada de Hill Street
Wonder Woman (Super-Mulher)
Love Boat (Barco do Amor)
Miami Vice
Dallas
Detective Columbo
Norte e Sul
Blue Moon
Espacial
Star Trek
Buck Rogers
Espaço 1999
Galáctica
A preto e branco:
Twilight Zone
Hitchcock
Missão Impossível
O Homem da Carabina
Produções Australianas:
Neighbours
- Filmes na RTP que ninguém perdia:
Filmes com o Bruce Lee
Filmes 007
Trinitá
Carro Herbie
Cinema Paraíso
Música no Coração
Christine, o Carro Assassino
Super-Homem
Lagoa Azul
- “Monstro da lagoa negra”:
Foi um filme em 3D com publicidade que seria necessário ter óculos 3D.
A corrida aos óculos foi uma loucura.
Feitos em cartolina e uma lente em película vermelha e outra em azul.
O filme não foi nada de especial e o 3D foi um fiasco.
A febre popular sobre a expectativa do filme ficou como marco histórico dos anos 80 em Portugal.
- “Império dos Sentidos”:
Embora o filme tenha sido um seca, em 1991, já foi apenas um mini-escândalo algo apetecível.
- Filmes que foram loucura de bilheteira:
Conan, o Destruidor
ET
Desaparecido em Combate
Oficial e Cavalheiro
Top Gun
Footloose
Star Wars, Regresso de Jedi
Rocky IV
Rambo II
Commando
Os Deuses Devem Estar Loucos
Em Busca da Esmeralda Perdida
Indiana Jones
Cocktail
Filmes “Academia de Polícia”
Regresso ao Futuro
(O meu 1º filme foi o "Conan, o Destruidor" no Cine Plaza “recreios da Amadora”.
O Schwarzenegger ainda nem sabia falar inglês).
- “Holocausto Canibal”:
Durante anos, especialmente antes da internet, muitos afirmavam que as mortes no filme haviam sido mesmo verdade.
- Lista de actores de cinema que foram posters no quarto dos adolescentes:
James Dean
Marilyn Monroe
Bruce Lee
Sofia Loren
Bo Derek
Jane Fonda
Marlon Brando
Chuck Norris
Christopher Reeve
Sylvester Stallone
Arnold Schwarzenegger
Brooke Shields
Mel Gibson
Richard Gere
Rutger Hauer
Michael J. Fox
Harrison Ford
Charlie Sheen
Emilio Estevez
Brigitte Nielsen
Lou Diamond Phillips
Eddie Murphy
Sharon Stone
Michael Douglas
Michelle Pfeiffer
Geena Davis
Kevin Costner
Kim Basinger
Mickey Rourke
Kurt Russell
Kristie Alley
Michael Keaton
Keanu Reeves
Patrick Swayze
Demi Moore
Tom Cruise
Brad Pitt
Van Damme
Steven Seagal
- Algumas salas de cinema míticas: (Antes do boom dos Centros Comerciais que começou com o CC Amoreiras).
Éden-Teatro
Condes
São Jorge
Cinema Império
Cine-Teatro Tivoli
Monumental
São Luiz
Cinema Ideal
Cine-Teatro Capitólio
Cinema Roma
Cinema Londres
Xenon
Animatógrafo do Rossio
Olýmpia
Cine Plaza Recreios da Amadora
Lido da Amadora
Grandes figuras:
- Apresentadores míticos RTP:
Telejornal / Informação:
Artur Albarran
Manuela Moura Guedes
Margarida Marante
Mário Crespo
Fernando Pessa
Raul Durão
Desporto:
Gabriel Alves
Rui Tovar
Cecília Carmo
Jorge Perestrelo
Entretenimento / Populares:
Júlio Isidro
Eládio Clímaco
Fialho Gouveia
Carlos Cruz
Raúl Solnado
Herman José
Prof. José Hermano Saraiva
Eng. Sousa Veloso
Vasco Granja
- Políticos que eram mencionados quase diariamente (portugueses):
Ramalho Eanes
Mário Soares
Pinto Balsemão
Álvaro Cunhal
Mota Pinto
Freitas do Amaral
Maria de Lourdes Pintasilgo
Zita Seabra
Krus Abecasis
Mário Tomé
- Políticos que eram mencionados quase diariamente (internacionais):
Mikhail Gorbachev
Ronald Reagan
Margaret Thatcher
François Mitterrand
Willy Brandt / Helmut Kohl
Felipe Gonzalez
Lech Wałęsa
Nicolae Ceaușescu
Olof Palme
Václav Havel
Muammar Gaddafi
Reza Pahlevi / Ayatollah Khomeini
Yasser Arafat
Shimon Perez
Samora Machel
Nelson Mandela
Pérez de Cuéllar
Fidel Castro
Manuel Noriega
Alberto Fujimori
José Sarney
Carlos Menem
Salvador Allende / Augusto Pinochet
Países:
- Países / governos que já não existem:
URSS
Jugoslávia
Czechoslovakia
RDA que tinha a cidade e clube “Karl-Marx-Stadt”.
Hong Kong como business center.
Macau era território português.
Música, Áudio e Rádio:
- FM Stereo:
As telefonias eram em Onda Média e com um som tosco. Quando apareceu os rádios FM Stereo foi uma subida substancial de qualidade.
- Programas de “discos pedidos”:
Mítico.
Tinha que se dizer uma frase publicitária e só depois se pedia a música com dedicatória.
(Ainda hoje existe em algumas rádios regionais).
- António Sala:
Era o locutor rockstar das manhãs da rádio.
- “Lança Chamas”:
O 1.º e mítico programa de heavy metal com o António Sérgio, a lenda.
- Metal era música da pancada:
Considerado música para drogados de adoração ao diabo.
- Fazer mosh:
Um comportamento que começou com os “drogados” do metal mas que mais tarde os “betos” do grunge roubaram.
A coisa ficou tão “beta” que até uma operadora de telecomunicações lançou o super jovem tarifário “mosh”.
- Culto da cassete:
Obviamente que o disco vinil era outra loiça mas não era toda a gente que os podia comprar e nem dava para ouvir no carro.
Com as novas aparelhagens com deck recorder e rádio, a gravação de cassetes foi uma loucura.
Pode considerar-se que os downloads da época eram da rádio para a cassete e todos ficávamos a destilar ódio ao locutor que falava a meio da música.
Toda a gente tinha a sua famosa compilação de “slows”.
Capas escritas à mão com letra bonita com os nomes das músicas, tudo organizado.
- Assaltos a auto-rádios:
Antes de sair do carro era necessário puxar para fora o auto-rádio que era uma pesadona caixa metálica.
Normalmente para não ter que andar a passear com aquilo na mão, escondia-se debaixo do banco do condutor.
A coisa evoluiu e mais tarde só foi preciso tirar o painel para fora e colocar numa caixinha toda fashion.
Era normal andar a passear com aquilo na mão junto com as chaves do carro.
- Walkman:
Tantas pilhas que foram gastas.
Quando a música começava “a arrastar”, já se sabia que era falta de pilhas.
Até já os Mp3/Ipod foram descontinuados e vieram muito mais tarde.
- Mini disks:
Tal como os vídeos Betamax, não teve sucesso embora fosse muito melhor que o Compact Disk (CD).
Por razões comerciais os americanos sempre boicotaram no mundo ocidental as tecnologias que não eram americanas.
- Aprender viola/órgão:
Saber tocar um instrumento era prestigiante, portanto era normal a música nas actividades extra curriculares.
Havia também a disciplina de “música” no ciclo preparatório mas era uma “chachada”.
Tínhamos que aprender flauta.
Ninguém queria tocar flauta, flauta não era cool.
- Lista de algumas bandas/cantores que estiveram no top de vendas:
Rod Stewart
Olivia Newton-John
Marillion (Fish)
The Police (Sting)
Queen
David Bowie
Kenny Rogers
Culture Club (Boy George)
Duran Duran
Nik Kershaw
Frankie Goes To Hollywood
Simple Minds
Bryan Adams
Wham (George Michael)
Phil Collins
Stevie Wonder
Billy Idol
Michael Jackson
Madonna
Prince
Diana Ross
Tina Turner
Bonnie Tyler
INXS
Tears For Fears
U2
Alphaville
Bryan Ferry
Paul Young
Simply Red
Lionel Richie
Baltimore
David Lee Roth
Pet Shop Boys
The Communards
Erasure
Peter Gabriel
Sandra Cretu
Bruce Springsteen
Dire Straits
Scorpions
UB40
Samantha Fox
Joe Cocker
Eurythmics (Annie Lennox)
Peter Gabriel
Sabrina Salerno
Rick Astley
Bananarama
The Bangles
Belinda Carlisle
Kim Wilde
Paula Abdul
Gloria Estefan
Lisa Stansfield
Bros (dos irmãos Goss)
The Cure
Depeche Mode
Modern Talking
Milli Vanilli
Bon Jovi
Europe
Snap
Whitney Houston
Fine Young Cannibals
Yazz
Transvision Vamp
James
Technotronic
Jovanotti
R.E.M.
Mariah Carey
Laura Pausini
Neneh Cherry
Oasis
Blur
2 Unlimited
Guns n’ Roses
Eros Ramazzotti
Alanis Morissette
Metallica
The Cult
Ace of Base
Roxette
Green Day
Nirvana
The Cranberries
Faith No More
The Prodigy
Rage Against the Machine
Sepultura
Amy Winehouse
Sítios da moda:
- A baixa de Lisboa era o único Centro Comercial que havia.
Os armazéns do Chiado e o Braz & Braz eram os mais icónicos.
(O 1.º Centro Comercial que me lembro foi o da Portela de Sacavém).
- Centros comerciais que foram loucura popular:
Centro Comercial da Portela (1975).
Babilónia da Amadora (1984 - tinha fantásticos croissants com chocolate).
Fonte-nova em Benfica (1985).
Amoreiras Shopping Center (1985).
Dom Pedro III em Queluz (1989).
Cascais Shopping (1991).
Colombo (1997).
- Sítios da “night” que foram oscilando de moda:
Que eu me lembre…
As matinés dos “putos” no “Loucuras” e do “Lido” na Amadora.
Bares do Largo Camões em Cascais.
24 de Junho
Alcântara Mar
Bafureira / Tamariz no Estoril.
Bares na Av. Brasil da Amadora.
Docas
Bairro Alto / Rookie
Ericeira / Santa Cruz
2001 junto no Autódromo do Estoril.
Bares junto à polícia em Queluz.
Kings and Queens
Rock-line
“Docas secas” na Amadora.
Bares de Sintra “velha”.
Passerelle Strip Club
Bares de Santos.
Lux
Urban Beach
Cais do Sodré
Grandes acontecimentos:
- Acontecimentos que deram que falar:
Choque frontal de comboios na Amadora.
Morte de Sá Carneiro.
As visitas do papa João Paulo II.
Corridas de Fórmula 1 no Autódromo do Estoril.
Concertos de Heavy Metal no pavilhão Dramático de Cascais.
Bryan Adams com Bonnie Tyler e Saxon no Estádio da Luz.
SNAP e Vanilla Ice na danceteria LIDO na Amadora.
Jogo particular Benfica x Iron Maiden no Estádio da Luz.
David Hasselhoff na inauguração do Amoreiras.
Cicciolina a ir de surpresa à Assembleia de República e “a fazer das suas”.
O incêndio do Chiado.
Escândalo Tomás Taveira.
A loucura que foi Maradona em Alvalade com um Sporting/Nápoles.
Concertos em Alvalade.
Protestos com bloqueio da ponte sobre o Tejo e com carga policial.
Expo 98.
Concurso “Sete Maravilhas do Mundo” no Estádio da Luz.
Bandeira humana no Estádio Nacional.
Euro 2004.
Futebol:
- A maioria dos jogadores usavam bigode:
O mais icónico foi o do Chalana.
- A loucura que foram os mundiais:
Espana 82:
Com a bem conseguida mascote do Naranjito.
O bom futebol da seleção Brasileira do Zico.
O fenómeno italiano Paolo Rossi que conseguiu levar “o caneco”.
México 86:
Maradona no seu melhor a dar show e a levar “o caneco”.
O caso Saltillo com a selecção portuguesa.
O imponente estádio Azteca.
O fabuloso golo do mexicano Negrete que o fez vir para o Sporting.
Itália 90:
A grande estrela foi o improvável Salvatore Schillaci.
Maradona foi à final mas com pouco brilho e já envolto em polémicas.
A final foi uma seca mas o alemão Lothar Matthaus conseguiu “o caneco”.
Mundial de 94:
Ano de muito calor e em algumas regiões dos EUA, de calor impossível.
Alguns estádios que não eram de futebol, adaptados a futebol.
Lançamentos laterais com “bruaá” (os americanos confundiam com a NFL).
O Pelé na TV americana a explicar as regras do jogo aos americanos.
Destaques mas sem brilho para Roberto Baggio e a dupla Bebeto/Romário.
A final foi um suplício mas o Brasil lá conseguiu o “tetra”.
O portista Branco ia cegando um jornalista por causa de um remate “canhão”.
Maradona supostamente recuperado das drogas, não brilhou.
O colombiano Andrés Escobar foi assassinado por causa de um auto-golo.
França 98:
Zidane maestro incontestável de uma demolidora selecção afro-Francesa.
França tão demolidora que não precisavam de drogar o Ronaldo na final.
Mundial Coreia/Japão 2002:
Ronaldo “gordo” fenómeno a vingar-se de todos os críticos após o França 98.
Selecção da Coreia do Sul cheia de “speed”.
Selecções africanas com adeptos asiáticos para “inglês ver”.
Alemanha 2006:
Zidane abandona final sem glória.
Portugal fez boa figura.
- Putos a jogar bola em estradas esburacadas:
Com balizas de pedra.
Quando vinha um carro tinha que se pausar o jogo.
Quando a bola caia num sítio estranho, alguém ia sempre buscá-la.
Muitas vezes a bola ficava presa debaixo dos carros estacionados.
Partir vidros com boladas era comum e significava fim de jogo e fuga.
Nem todos tinham sapatos desportivos, era comum usar-se sapatos “normais”.
Muitas vezes usava-se sapatos velhos presos por fita-cola.
Futre era a referência dos putos que “fitavam” (hoje diz-se “driblar”).
As bolas eram de “cautchu” / “cautchumbo” / “catchumbo”.
Todas as bolas diziam “Oficial FIFA” da tanga.
Os miúdos caiam, não faziam fita, levantavam-se.
- Campos em terra batida:
Até na 1.ª divisão.
Comida / Alimentação:
- Codornizes:
Era normal haver talhos com isso.
Ainda se vende, mas é raro.
- Carne de cavalo:
A carne era mais rija mas diziam que era mais nutritiva.
Metade de um bife de cavalo e já se ficava alimentado para o dia todo.
Até havia talhos só com carne de cavalo.
Ainda se vende, mas é raro.
- Sopas de “cavalo cansado”:
A origem do nome é precisamente porque era a comida que se dava aos animais de carga após grande esforço físico.
Pão de broa ensopado em vinho tinto com mel ou açúcar, gema de ovo e canela.
Num Portugal pobre e sem recursos era a alimentação possível para um dia de lavoura, até para as crianças.
- Banha de porco ou toucinho no pão:
Qual manteiga, qual quê?
Isso era para ricos.
Até nos cozinhados, era tudo à base de banha.
- Óleo de fígado de bacalhau:
“O puto é tisico, marreco ou burro? Óleo de fígado de bacalhau com ele. Tem todas as vitaminas que precisa…”
(Como o nome indica, é literalmente a gordura extraída do fígado do bacalhau).
Motorizados:
- Carros:
Jipes de marca portuguesa UMM (União Metalo-Mecânica).
Simca
Datsun
Citroen 2 Cavalos e “Boca de Sapo”...
Renault 4L...
Volkswagen “Carocha” e “Brasília”...
Furgonetas Bedford
(Os carros de escola de condução tinham 2 volantes).
- Motas:
Zundapp
Famel Casal Boss com motor Zundapp.
Honda CB
Scooter “acelera” Honda Vision (tive uma).
Scooter “acelera” Yamaha Super-Sports
Yamaha DT-LC
- Autocarros trolleys no Porto:
Autocarro eléctrico com o mesmo sistema dos bondes mas sem ser precioso rede de carris.
- Carros tuning ou com autocolantes.
Não bastava ter carro, tinha que ter aspecto de carro de competição.
Mesmo que fosse uma lata velha tinha, tinha que se compensar com um toque racing.
Houve também o culto do autocolante, desde o mais cool até ao mais despropositado.
(Sou do tempo em que quem tinha carta à menos de 1 ano, era obrigatório no guarda-lamas um autocolante amarelo a dizer 90 - o mítico “ovo estrelado” - que significava que aquele veículo não poderia andar a mais de 90).
- Carrinhos de rolamentos:
Qual skate, qual quê?... Ferro no asfalto a fazer faísca nas descidas mais insanas e perigosas.
Bicicleta era coisa de putos ricos se bem que recordo com saudades a minha Vilar.
(As BMX só apareceram muito mais tarde).
- Conduzir sem cinto de segurança:
Não era obrigatório e por isso era raro o uso.
Dizia-se que apertava muito e por isso condicionava a destreza na condução.
Considerava-se também que estar sempre entrar/sair do carro e a ter que meter/tirar cinto não era produtivo.
- Beber e conduzir, era normal:
Sair de uma almoçarada “bem regada”, pegar no carro e seguir viagem, era comum.
Na verdade, os homens andavam sempre “meio tocados”. Mesmo de manhã, qualquer pausa entre “camaradas” era logo motivo para ir "refrescar a garganta".
(Tantas vezes que vi os motoristas dos autocarros reunidos no tasco antes de arrancarem viagem).
Culturalmente o macho que não aguentasse “uma pinguinha”, era um fracote.
Embora sempre tenha sido proibido conduzir sob o efeito de álcool, não havia grande controlo.
Nem havia ainda o aparelho de “soprar balão”.
Para detectar o efeito do álcool chegou a ser pedido aos condutores testes estranhos como tentarem andar a direito ou fazerem o famoso “4” (cruzar uma das pernas em pé configurando um 4).
Mas os abusos de condução com álcool foram tantos que Portugal durante anos foi campeão de mortes na estrada.
As campanhas “se beber não conduza” tinham o mesmo efeito que os avisos nas caixas de tabaco, ninguém ligava.
A legislação então apertou e hoje praticamente é tolerância zero.
- Crianças livres nos bancos de trás:
E até no banco da frente, livres e sem cinto.
Com a cabeça fora da janela como cães de língua de fora todos doidos a apanhar vento. Aos gritos e em tropelias inimagináveis com o carro em velocidade.
- “Tens que puxar o ar senão vai abaixo”:
Era necessário injectar ar no motor dos carros a gasolina enquanto ainda estava frio.
(Puxava-se uma espécie de alavanca/patilha que ficava junto ao volante).
- Volantes sem direcção assistida:
Por isso se considerava que a condução não era para mulheres.
Sem direcção assistida, era preciso “ter braço”.
- Capas para o carro:
Havia o costume de tapar os carros com uma lona cinzenta.
- Autocarros de 2 andares:
Iguais aos dos ingleses mas em verde.
Todos os miúdos queriam ir lá em cima.
Tinha dois funcionários: o condutor e o fiscal de cobrança num assento próprio.
Sexualidade:
- Ir às p*tas:
Não sou desse tempo, mas o próprio pai ou familiar próximo levar um adolescente às p*tas era motivo de orgulho.
“Já f*de, já é homem”.
- P*ostitutas de rua:
Em Lisboa havia no Monsanto (as drogadas) e na Rua do Intendente (as desgraçadas).
Hoje ainda existe na Rua do Conde Redondo mas são só homens “trans” (antigamente “travestis”).
Tal como denunciado no caso Casa Pia, chegou a haver prostituição masculina infantil no Parque Eduardo VII.
- H*mossexualidade “não existia”:
Só tocar no tema seria abjecto.
A revolução política já havia acontecido mas a cultural ainda não.
A sociedade era ainda extremamente religiosa.
(Mas era normal entre os homens carinho fraterno de irmandade.
Daí aquela expressão nas despedidas: “Vá amigo, um grande abraço”).
OUTROS:
- Navio Tollan:
Esteve uma data de anos afundado no Tejo (virado ao contrário) em frente à Praça do Comércio.
- As escolas tinham crucifixos:
Não sou do tempo de ter a fotografia de Salazar na sala de aula mas ainda apanhei com enormes crucifixos por cima do quadro/lousa.
- Almanaque “borda d'água”:
Acho que ainda existe, mas já não com a importância que tinha antes da internet.
- Anunciar o número da lotaria a cantar:
A famosa “taluda”.
- Papel químico:
Deixava as mãos todas pretas.
Ao preencher um papel original, escrito à mão, fazia logo uma cópia (2.ª via) na folha de baixo.
- Fotocópias:
Ir à papelaria tirar fotocópia do Bilhete de Identidade para a matrícula na secretaria da escola?
Quem nunca?
Obviamente que eram a preto/branco.
- Fotografia:.
Tal como hoje era um culto mas muito diferente.
Era raro fotos individuais e egocêntricas como hoje.
As fotos eram normalmente retratos de família em que tinha de caber toda a gente e normalmente todos ficavam mal e ridículos porque um rolo Kodak de 24 ou Fuji de 32 fotografias, mais mandar revelar, ficava em quase “meio conto”.
Portanto o que ficava, ficava.
Não havia hipótese como hoje de tirar 100 fotos até conseguir uma boa para as redes sociais.
Até os álbuns eram caros, mas aquele culto de criar o famoso álbum das férias de Verão com os tios emigrantes era delicioso.
Recordo também quando apareceram as máquinas instantâneas. O verdadeiro filtro instagram impresso directamente em película e não em papel.
- Não havia crematórios em Portugal:
Era uma coisa dos americanos que só ficou conhecido no filme “007 - Diamonds Are Forever”.
- Campos de mini-golfe:
Era normal os parque infantis terem uma secção de mini-golfe.
Nunca mais vi isso.
- Móveis com bar:
Tinha a sua piada. Uma parte do móvel que configurava um pequeno bar.
Mas era tão pequeno que não era muito funcional e tornava-se um “trambolho”.
- Comprar pacotes de experiências:
Algo recente que ainda existe mas parece que foi moda há muitos anos.
- Bairros de barracas e acampamentos de ciganos:
Havia imensos bairros de barracas em Lisboa especialmente nos arredores.
Também imensos acampamentos ciganos.
(Recordo particularmente de um junto ao aqueduto das Águas Livres na Falagueira/Amadora que no Ano Novo festejavam a dar tiros de caçadeira para o ar).
- Não havia imigrantes estrangeiros:
Africanos só se via no Rossio junto à casa de cambio, e curiosamente, junto à zona de p*ostituição do Intendente e eram sempre figuras muito estranhas e sujas.
“Dizia-se” que estavam todos infectados com dengue.
Não havia brasileiros mas conquistaram-nos culturalmente pela TV e havia a ideia de que eram muito mais ricos e sofisticados que nós.
Pessoas de leste era mito total e ninguém conhecia nada nem ninguém para lá da “cortina de ferro”.
Estrangeiros em modo turista, especialmente ingleses no Algarve, sempre houve.