CONCEITO
● Finalmente a senhora da limpeza ganha um salário equivalente ao de um médico.
(Um cenário idílico de igualdade entre classes, ao modo soviético de camaradagem.)
ENQUADRAMENTO ● Mas o médico que antigamente tinha dinheiro para contratar uma empregada de limpeza, não tem mais.
SEQUÊNCIA
● A senhora da limpeza procura médicos que procurem empregadas de limpeza mas não aceita receber menos que o médico.
CONSEQUÊNCIA
● A senhora da limpeza, sem emprego, vai pedir ajuda ao Estado.
● O Estado, de repente, ficou com milhares de senhoras de limpeza a seu cargo.
● Como o Estado somos nós, vamos ter de contribuir para ajudar as senhoras da limpeza.
CONJUNTURA ● Como já pouco temos para dar, vamos estar a trabalhar com a estranha sensação de que estamos a receber, apenas para pagar.
● É o “toma lá, dá cá” numa carga fiscal tão pesada que ninguém consegue fazer “vida” ou sonhar mais além que não seja apenas a sobrevivência do dia-a-dia.
(E para aqueles que têm casa e carro?
Mesmo sendo uma pequena e modesta casinha ou um carrinho “boguinhas” antigo, é um nojento proprietário, dono do capital. Um atentado às classes pobres, tem de ser taxado.)
RECURSOS
● Muitos se recusarão a trabalhar, mas não faz mal. O governo abrirá portas a estrangeiros que queiram trabalhar.
(Estrangeiros ocultos, sem nome, sem direitos. Autênticos escravos da idade moderna, vendendo-se por “dois tostões.”)
● Mas não interessa, o governo pode encher o peito com discursos de integração e falar que criou novos postos de trabalho.
HABITAÇÃO
● Os estrangeiros procuram casa, mas já todas estão ocupadas.
● Começa-se a criar zonas flageladas de pessoas sem casa que se vão aglomerando.
● A cidade continua maravilhosa, mas para lá da cidade, fora das zonas turísticas, estendem-se quilómetros e quilómetros de bairros clandestinos.
MIGALHAS
● Mas o governo é fixe, diminuiu o passe social para que todos tenham acesso à cidade.
(Pois ainda há alguns ricos, quase todos ligados ao aparelho do Estado, que precisam dos serviços dos pobres.
Torna-se habitual, o cenário de transportes a abarrotar de pessoas esmagadas em hora de ponta.)
DIREITOS ● O povo reclama, mas vem cá o artista internacional da moda, e os bilhetes a preço estúpido, esgotam numa manhã com pessoas que pernoitaram às portas da bilheteira.
● O governo percebe que a malta gosta de dinheiro mas gosta ainda mais de “p*taria”.
● Começa então a apostar no lúdico e nas pequenas causas para dar uma imagem de modernaços.
(“Venham venham, temos direitos e liberdades para todos sem pudor nem responsabilidade. Queres andar todo nu quando fores passear ao parque cheio de crianças?... Não há problema, é uma conquista civilizacional contra os conservadorismo bafiento patriarcal.”)
DISPERSÃO
● Et voilà, fica toda a gente alienada a discutir quem é mais ou menos tolerante enquanto nos bastidores se fazem negociatas astronómicas com o dinheiro dos contribuintes.
PROPAGANDA
● Mas fazem-se discursos maravilhosos em que “há mais vida para além do défice”.
(“Quem vai pagar a conta? Estamos a conden... perdão, a qualificar, as futuras gerações. Eles certamente irão ter capacidade de criar alternativas.”)
ABISMO
● Tudo para todos, promessas fáceis e populistas até ao dia em que, afinal…
FACILITISMO ● Mas não há problema, faz-se aqui um malabarismo em tom de magia. O dinheiro é o mesmo e cada vez menos, mas tira-se aqui e põe-se ali umas migalhas nos reformados, uns “pózinhos” no salário mínimo, massaja-se os jovens com as liberdades, garantias e discursos climáticos e fica garantido o eleitorado base.
● Se a situação estiver muito crítica, é só estender a mão. Pertencemos à CE, os países ricos que ajudem os periféricos…
CORRUPÇÃO
● Impera as derrapagens nos orçamentos e obras públicas e todos sabem. Mas enfim, a corrupção dá um certo ambiente de paz, pois todos “comem”, e está tudo bem.
BANCARROTA ● Escândalo nos bancos ou nas empresas estatais?... “Olá contribuintes!... Como assim não podem?... Azar, austeridade para aprenderem a poupar em prol da Nação. Segue já uma queixa ao FMI!”
ESTAGNAÇÃO ● Construção e modernização de infraestruturas? “Sim claro, um dia, quem sabe… Pode ser que haja a oportunidade de fazer um novo aeroporto para Lisboa, ou um comboio de alta velocidade…”
“BOYS”
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