O cenário é aquele da vizinha recém divorciada e ressentida com a vizinha casada que se queixa do casamento mas que tudo faz em nome da família:
INTRO COM ELOGIOS
SENHORA 1: “Mas onde é que vai a minha senhora assim toda jeitosa?”
SENHORA 2: “Jeitosa eu? Coitada de mim, já fui já… Agora até tenho andado tão mal…”
SENHORA 1: “Com esse ar jovial?... Ninguém acredita…”
QUEIXAS DO QUOTIDIANO
SENHORA 2: “Pois mas por dentro, às vezes, só eu e Deus sabe…”
SENHORA 1: “Nem me diga nada, olhe que também não tenho andado nada bem. Cansada, mas tão cansada, que nem sei como me mantenho de pé!…”
SENHORA 2: “Acredito, nós mulheres somos sempre sacrificadas e ninguém dá valor.”
CULPAR OS HOMENS
SENHORA 1: “Mas agora tem andado solteira, não tem?...”
SENHORA 2: “Graças a Deus, aturar homens? Já levei a minha dose. Agora é que estou bem…”
SENHORA 1: “Não tenha dúvidas, então o meu tem andado impossível. Rezingão todos os dias.”
SENHORA 2: “Ah mas mesmo assim teve sorte, o seu é trabalhador e não rebenta dinheiro em bebida e jogo como era o meu…”
SENHORA 1: “Pois, nem tanto ao mar nem tanto à terra. Já o meu quase nem sai de casa. Para ir a qualquer lado é um castigo. É tão forreta, mas tão forreta, que nem sai só para não gastar.
SENHORA 2: Mas vocês de vez em quando vão à terra…”
SENHORA 1: “Oh, mas é mais trabalheira do que outra coisa. A casa é antiga, e quase sempre fechada, tem mais manutenção do que se estivéssemos lá a viver.”
Devíamos era vender aquilo, mas o homem acha que tem ali uma relíquia e quando lhe falo nisso manda-se ao ar.”
FILHOS
SENHORA 2: “Mas para os miúdos é sempre bom…”
SENHORA 1: “Quando eram pequenos, agora já não querem saber, são finos. Metem defeitos a tudo e só querem resorts. Se eu soubesse o que sei hoje acho que nem queria ter tido filhos…”
SENHORA 2: “Ai não diga isso, por muito trabalho que dêem mesmo assim vale a pena. Se não fosse isso, nem sei o que seria de mim…”
SENHORA 1: “O meu mais velho agora não pára em casa, só lá vai para comer e dormir, não diz nada nem dá cavaco a ninguém. É como se fosse um hóspede.”
SENHORA 2: “É da idade. São todos assim, não ligue.”
SENHORA 1: “Pois, já começa a querer voar do ninho.”
PREOCUPAÇÕES SOCIAIS
SENHORA 2: “Em falar em voar do ninho? Já não mora ali aquela senhora que tinha assim um menino com problemas?”
SENHORA 1: “Problemas? Drogado! E fique a saber que foi ele que assaltou o café.”
SENHORA 2: “Ai não me diga?... Coitada da senhora, deve ser um desgosto.”
SENHORA 1: “Oh, coitada… coitada nada! Aquela casa sempre foi um forrobodó, tantas vezes que a vi sair de táxi a meio da noite, e sempre deixava o miúdo sozinho, ao Deus dará… e de manhã, por vezes, chegava 'acompanhada'...”
SENHORA 2: “Entendo, mas como ela era assim tão elegante e bem falante… Pessoalmente não tenho queixas dela, mas percebia-se que o filho era problemático.”
ESTADO DA NAÇÃO
SENHORA 1: “Teve preso e tudo, mas foi sol de pouca dura. Passado uns meses já andava aí novamente…
Este país é uma anedota.”
SENHORA 2: “Pois isto anda demais, então a vida tá uma carestia, veja bem que agora dei quase 5€ por meio Kg. de peras. Não sei onde vamos parar…”
SENHORA 1: “Sabe o que eu lhe digo? Um dia havemos querer comer e não ter.”
ACTIVISMO / RESIGNAÇÃO
SENHORA 2: “Você tem bom remédio, tem a casa na terra, pode ir para lá cultivar.”
SENHORA 1: “Pois, por isso o marido não quer vender.”
SENHORA 2: “Tá a ver, é inteligente. Você tem que lhe dar valor…”
SENHORA 1: “Inteligente e exigente, aliás tenho que ir já para casa porque ainda tenho que lhe ir fazer o comer…”
SENHORA 2: “O quê? Isso comigo não dava, era o que faltava, eles que o façam. Por isso despachei o meu. Escravas? Já foi tempo…”
SENHORA 1: “Entendo, burras como eu já são poucas. Olhe já me tá a ligar, tá a ver?... Chego meia hora atrasada e já fica aflito, é totalmente dependente…”
SENHORA 2: “Aí a senhora tem que ter muito estofo…”
SENHORA 1: “Não tenho, mas enfim, fazer o quê?... É a única maneira de manter a família unida, e apesar de tudo, a família é a única coisa que interessa nesta vida e que nos faz continuar a lutar.”
SAUDAÇÃO FINAL
SENHORA 2: “Pois, também é verdade! Olhe foi um prazer revê-la…”
SENHORA 1: “Prazer foi meu, e olhe, aproveite a vida agora que está solteira porque isto é bonito mas não se recomenda…”
SENHORA 2: “Ahah!...” (Desgraçada!)
SENHORA 1: “Eheh…” (Toma!)_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Ver também:
A conversa mais comum entre homem e mulher.
A conversa mais comum entre rapaz e rapariga.
A conversa mais comum entre homens.
Sem comentários:
Enviar um comentário